terça-feira, 24 de junho de 2025

‘Não soou alarme, não estava clara a rota de saída de emergência e também não teve iluminação’, conta sobrevivente da Kiss

Fonte: G1

O julgamento do incêndio da boate Kiss recomeçou às 9h desta quinta-feira (2) com mais seis depoimentos previstos para ocorrerem no Foro Central de Porto Alegre. Emanuel Almeida Pastl e Jéssica Montardo Rosado devem ser ouvidos pela manhã e Lucas Cauduro Peranzoni, Érico Paulus Garcia e Gustavo Cauduro Cadore à tarde. O juiz Orlando Faccini Neto incluiu, ainda, uma testemunha do Ministério Público (MP): Miguel Ângelo Teixeira Pedroso.

O primeiro a ser ouvido foi Emanuel Pastl, hoje com 27 anos. Ele relembrou fatos sobre o início do incêndio.

“O sentimento eu não sei, fato é que, quando deu o princípio de incêndio, não soou nenhum alarme, não estava clara a rota de saída de emergência e também não teve iluminação. Eu não tinha visualização nenhuma. Não lembro de ter visto extintor”.

O jovem viajou à Santa Maria para comemorar junto com o irmão gêmeo, Guilherme, que cursava Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). A ideia era que não passassem o aniversário de 19 anos separados. A festa na Kiss, no sábado dia 26 de janeiro daquele ano, foi escolhida para a celebração.

Inicialmente, como muitos jovens que estavam no local, Emanuel e o grupo acharam se tratar de uma briga.

“Achávamos, inicialmente, que era briga, porque não tínhamos visão do palco. Começou a gerar um certo tumulto e nos escoramos no bar para deixar as pessoas passarem. Mas uns 30 segundos depois começamos a visualizar fumaça e tivemos a percepção que era incêndio, e, então , começamos a sair em direção à saída de emergência”, disse Emanuel, relembrando a madrugada do incêndio.

Emanuel conta que na hora da saída foi empurrado por duas vezes. “Puxei meu celular para iluminar o chão, a iluminação de emergência não funcionou. Me lembro de procurar as placas e não visualizei nenhuma, não conhecia a casa. Bateram em mim, meu celular caiu no chão, bateram em mim novamente e eu caí no chão. Ali no chão estava muito fresco e muito bom mas mesmo assim eu fiz um esforço pra me levantar e fui em direção a saída.”

O jovem destaca também que acredita ter sido um dos primeiros a sair da boate após o início do incêndio. “Com certeza eu saí antes da chegada do Corpo de Bombeiros. Eu acho que demorei 3 minutos e meio a 4 para sair desde o inicio do incêndio.”

“Quando eu saí eu já estava com os olhos queimados, então eu via fumaça em tudo quanto era lugar”.

Após diversas perguntas repetidas por parte de advogados, juiz Orlando Faccini repreendeu os advogados: “vamos prestar mais atenção ao depoimento da vítima!”

Em outro momento, após ser questionado diversas vezes sobre o alvará de funcionamento da boate, Emanuel disse: “Com todo respeito, eu estou aqui como testemunha e não como assistente de perito”.

Já Miguel Ângelo Teixeira Pedroso é o engenheiro que teria desaconselhado o uso da espuma isolante na casa noturna que pegou fogo e deu início à fumaça tóxica. Testemunha do Ministério Público, foi incluído para depor pelo juiz Orlando Faccini Neto. Será o primeiro a falar durante a tarde.

Nesta etapa do julgamento, 14 sobreviventes são questionados pelo juiz, pelo Ministério Público, pelo assistente de acusação e pelos defensores dos réus, nessa ordem. Os outros sete devem ser ouvidos nos dias seguintes.

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