domingo, 15 de junho de 2025

Telemedicina permite atuação conjunta em regiões distantes

Data: 14/07/2011 / Fonte: Revista Emergência

Quando o médico Antonio Marttos (foto) vivia no Brasil, ao expor suas ideias, ouvia dos amigos que era um sonhador. Hoje, nos Esta­dos Unidos, ele é uma referência na Telemedicina do Trauma, a­tuando como diretor de Tele­medicina do Trauma no Ryder Trauma Cen­ter, em Miami, e inclusive junto ao Exército norte-americano.

Entre suas in­venções está um robô que realiza atendimento a distância. “É le­gal sonhar e mostrar que algumas coisas realmente podem mudar. Te­mos que fazer uma mudança cultural. A participação da sociedade é a grande diferença, mas isto é uma coisa muito embrionária no Brasil”, avalia.

Para ele, também é importante entusiasmar a nova geração. Assim, costuma dar aulas como convidado em diferentes universidades bra­sileiras, além de receber estudantes e residentes daqui na Universidade de Miami (os interessados podem se informar pelo e-mail amarttos@med.miami.edu).

A satisfação do médico é mostrar aos jovens o que pode ser feito de diferente e ouvir dos participantes que a experiência mudou a cabeça deles. Nesta entrevista, concedida durante sua visita ao Brasil para participação em Congressos de Trauma patrocinados pela SBAIT (Sociedade Brasileira de Atendimento Integrado ao Trauma­tizado), Marttos fala dos trabalhos que realiza no Ryder Trauma Center e avalia o a­ten­dimento ao trauma em di­ferentes lugares do mundo.

Revista Emergência: Como o Ryder Trauma Center se tornou um centro de referência na área do trauma?

Antonio Marttos: Na década de 80, havia em Miami um pro­blema muito comum nas grandes cidades, o tráfico de drogas em grande escala. O Jackson Memorial Hospital tinha 1.600 leitos, 200 só para UTI, e era um dos maiores hospitais dos Es­tados Unidos. Mesmo assim, estava cancelando as cirurgias eletivas como de esôfago e de câncer porque não tinha onde colocar os pacientes doentes, já que as UTIs estavam o­cupadas por pacientes de trauma grave, como baleados e acidentados.

Então, o Ryder Trauma Center foi criado neste contexto graças à inicia­tiva dos médicos e da sociedade. Eles mos­traram ao governo a necessidade de se criar um Centro de Trauma com os melhores espe­cia­­listas, com treinamentos sobre os proto­co­los, para que os pacientes tivessem o melhor aten­dimento. Assim, o governo deu um pouco de aju­da, mas mais de 60% do dinheiro para fazer o Centro de Trauma veio da sociedade, como ban­cos, escolas e artistas.

A vantagem é ter­mos todos os especialistas treinados naque­le local 24 horas por dia. Foi possível conhecer as equipes pré-hospitalares, que sabiam para onde levar este paciente. Com isso, o tempo de resposta e a mortalidade do paciente trau­matizado diminuíram. O plano do hospital da Fló­rida poderia ser implantado em qualquer estado do Brasil, porque as semelhanças são mui­to grandes em termos de es­cassez de re­cur­sos e distância.

O Brasil a­vançou muito e ho­je é um líder em saúde e em iniciativas. Com a Copa do Mundo e a Olim­píada, teremos que nos redesenhar, discutir uma série de situa­ções e, com certeza, estes desafios farão com que nós, daqui a alguns anos, estejamos muito melhores no aten­di­mento de emergência a nos­sa população.

Leia a entrevista completa na edição de Julho da Revista Emergência

Foto: Cristiane Reimberg

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