segunda-feira, 16 de junho de 2025

RODRIGO RAINERI – Alpinista fala sobre experiências em técnicas verticais e importância da legislação na segurança em altura

Para o alpinista Rodrigo Raineri, “para sermos felizes temos que fazer o que gostamos”. Esta visão é refletida em suas atividades e paixão pela escalada e técnicas verticais. Rodrigo tornou-se exemplo de superação não somente pela trajetória de pioneirismo, mas também por ter encontrado motivação para continuar crescendo após a perda de seu amigo há 18 anos e parceiro no esporte, Vitor Negrete, que atingiu o cume do Monte Everest sem o uso de oxigênio suplementar, em 2006.

Hoje, o alpinista está à frente da empresa Grade 6, atuando como instrutor de escalada, administrador e ministrando cursos e palestras para segurança de trabalho em altura nas indústrias. Em entrevista à Emergência, conta dificuldades e aprendizado adquiridos ao longo de mais de duas décadas e ressalta a importância da legislação para a redução de riscos, tanto no turismo de aventura quanto no trabalho em altura.

Revista Emergência: Como começou seu interesse pelo alpinismo?

Rodrigo Raineri: Eu sempre gostei muito do ambiente natural. Quando eu estava no colegial, fiz algumas viagens, e uma delas foi para as cavernas do Vale do Ribeira. Em certo ponto, tivemos que fazer um rapel. Achei maravilhoso. Depois, fui escalar o pico das Agulhas Negras, em Itatiaia/RJ. Tive que contratar um guia, utilizei uma corda de segurança para escalar. Então, tive contato mais uma vez com a verticalidade, com a parte de segurança, como fazer um nó e uma ancoragem. Fui me apaixonando por isto e cada vez me especializando mais, porque, na época, não existia internet como é hoje, não havia revistas, era muito difícil o acesso à informação técnica. Quando tive a oportunidade de morar fora do país, entrei em contato com livros, revistas, vídeos, que hoje são mais comuns aqui no Brasil. Aí, acabei seguindo este caminho.

Emergência: As técnicas de segurança em altura dentro de indústrias, para esporte de aventura, como alpinismo e montanhismo, e para serviços de emergência e resgate se diferenciam muito? De que forma?

Raineri: Apesar de terem em comum o risco de queda, alguns procedimentos e equipamentos são diferentes. O ambiente na indústria pode ser mais agressivo que o ambiente natural, de acordo com o lugar em que se está. Normalmente na indústria a frequência do trabalho é muito maior (gerando uma exposição maior ao risco) e a exigência em segurança também. Falando das responsabilidades: se eu for escalar uma montanha no Himalaia e me acidentar, de maneira geral, esta responsabilidade é minha. Quando uma pessoa se acidenta dentro de uma empresa, pela legislação brasileira, a responsabilidade é da empresa. As condições de uso dos equipamentos no ambiente corporativo podem ser mais severas, pois o ambiente chega a ser, em muitos casos, mais hostil. No ambiente natural, você está buscando um desempenho sempre no limite das possibilidades, então precisa levar o mínimo de coisas possível para poder ir rápido, o que aumenta a segurança, pois diminui o tempo de exposição. Na indústria, também se está procurando desempenho e existe uma pressão por produção. Só que, ao mesmo tempo, a pressão em cima da questão da segurança é muito maior. Nas boas empresas, a segurança é um valor, a necessidade da produção nunca se sobrepõe à segurança.

Confira a entrevista completa na edição 39 da Revista Emergência

Por Priscilla Nery
Foto: Priscilla Nery

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