sábado, 14 de junho de 2025

Reportagem Especial – Gestão de Riscos de Incêndio: Atualizando a prevenção – Ed. 153

Alterações nas edificações industriais e comerciais exigem novas especificações em segurança contra incêndio

Por Paula Barcellos/Editora e Jornalista da Revista Emergência

Edificações industriais e comerciais são dinâmicas. Novos layouts, novos processos, novos materiais e novas atividades são muito comuns nestes locais. Dentro disso, um aspecto nem sempre acompanha este dinamismo: a segurança contra incêndio. Muitas vezes, por questões de desconhecimento e custo, adequações e investimentos em novos equipamentos como extintores, detecção e alarme de incêndio e sprinklers acabam ficando de lado quando há alterações nas edificações. O resultado é a insegurança para os ocupantes, para o patrimônio e prejuízos financeiros.

Na verdade, a falta de adequação em segurança contra incêndio das edificações que sofrem modificações segue uma deficiência que já se encontra no país para a implementação básica dos sistemas de prevenção e combate estabelecidos em normas e legislações. “Quanto à segurança contra incêndio, as edificações industriais e comerciais brasileiras possuem uma grande gama de normas e regulamentações para cumprir. Existem as regulamentações nacionais, que são as normas brasileiras, e as estaduais, que são instruções técnicas dos corpos de bombeiros. Grandes edifícios e estabelecimentos comerciais tendem a seguir as normas de segurança contra incêndio, tais como: compartimento vertical e horizontal, instalação de sprinklers, saídas de emergências, detecção e alarme, instalações adequadas de extintores, etc. Já as pequenas empresas enfrentam maior dificuldade para cumprir todas as exigências devido ao custo elevado e ao conhecimento técnico insuficiente”, diz Macksuel Soares de Azevedo, engenheiro Civil, professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da UFES, que estuda projeto e dimensionamento de estruturas em situação de incêndio.

O vice-presidente da ABPP (Associação Brasileira de Proteção Passiva) e gerente de Território Latam da STI Firestop, Roberto Ramos, concorda com esta falha na adoção da legislação. “O Brasil possui excelentes Normas Técnicas e Regulamentações de Segurança Contra Incêndio. A flexibilização do cumprimento destas normas ou legislações é algo inexplicável e que só iremos superar com muita educação, treinamento e prevenção”. Ele enfatiza que esse cenário já inicia pela deficiência dos técnicos das áreas de engenharia e arquitetura que saem das universidades sem terem tido horas-aula de segurança contra incêndio, e a não ser que realmente já tenham escutado sobre o assunto, busquem por informações pelas poucas especializações no mercado. “Assim, podemos já de início identificar que nossas edificações industriais, comerciais e residenciais, na sua maioria, precisam se adequar. Os incêndios continuarão acontecendo, os materiais continuam sendo muito mais inflamáveis do que eram há 70 ou 80 anos, e, por isso, precisamos estar mais seguros”, afirma Ramos.

Rogerio Lin, superintendente da ABNT/CB-024 (Comitê Brasileiro de Segurança contra Incêndio), da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), também destaca que somente uma parcela das edificações está adequada à segurança contra incêndio necessária. “Você tem uma pequena parcela de edificações que estão adequadas e que realmente entendem que precisa ter um projeto, uma boa execução, manutenção e que os sistemas têm uma interdependência”, cita Lin. Para Emanuel Pastl, Engenheiro de Segurança contra Incêndio, além do desconhecimento das exigências legais e da inviabilidade técnica para implementação das medidas de segurança, fatores como a falta de fiscalização rigorosa contribuem para essa disparidade no cumprimento das normas.

MODIFICAÇÕES
Se a implementação da segurança contra incêndio conforme a lei é importante desde o projeto original, a adequação do sistema em edificações que sofrem alterações em sua estrutura, atividade e inclusive nos materiais presentes nelas é tão importante quanto. Em especial, pelas transformações tecnológicas que, muitas vezes, agravam os riscos de incêndio. “Um exemplo muito atual são os carros. Os métodos de proteção contra incêndio em garagens foram desenvolvidos para carros dos anos 60, que tinham grande quantidade de aço em sua construção. Há vários anos a indústria automobilística vem agregando mais e mais plásticos nos veículos, o que faz com que queimem mais rápido, com mais intensidade, espalhando o fogo por áreas maiores. Isso fez com que os requisitos de proteção contra incêndio de garagens fechadas fossem modificados para levar em conta esse risco aumentado. Agora, o novo desafio vem dos carros elétricos”, alerta Marcelo Lima, consultor do ISB (Instituto Sprinkler Brasil).


Confira a reportagem completa na edição de ago/out/2024 da Revista Emergência.

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