
O Sistema SAR (sigla inglesa para busca e salvamento) é formado no Brasil por um elo central (DECEA – Departamento de Controle do Espaço Aéreo do Comando da Aeronáutica), quatro Centros de Coordenação de Salvamento – Salvaero (Brasília/DF, Curitiba/PR, Recife/PE e Manaus/AM) e 11 elos de execução (Unidades Aéreas em Manaus/AM, Belém/PA, Salvador/BA, Rio de Janeiro/RJ, Campo Grande/MS, Florianópolis/SC e Santa Maria/RS).
É por estes órgãos que a FAB (Força Aérea Brasileira) planeja a resposta a acidentes com aeronaves ou embarcações, incluindo o envio de recursos a missões de socorro e o provimento do suporte de vida na cena.
Toda essa estrutura é gerenciada pela D-SAR (Divisão de Busca e Salvamento), chefiada pelo tenente-coronel aviador Silvio Monteiro Júnior. Cabe a ele e sua equipe planejar, normatizar e supervisionar a prestação do serviço SAR no Brasil, em uma área de 22 milhões de km², com mais de 2.000 operações por ano.
Desde 2004, Silvio é também o representante brasileiro no sistema Cospas-Sarsat, que utiliza satélites para detecção de balizas de emergência. O Brasil ocupa destaque no cenário internacional do programa, embora enfrente o obstáculo cultural dos falsos alertas (em 2010, dos 1.382 acionamentos, 56,15% foram equivocados, 42,26% indeterminados e apenas 1,59% se configuraram como alertas reais).
Em entrevista à Emergência, o oficial fala sobre as características das operações de busca e salvamento aeronáuticas e marítimas, das relações com os demais órgãos de emergência e da formação e preparação para as missões do resgateiro – como é chamado o profissional responsável pelo atendimento na cena do desastre.
Revista Emergência: Que balanço faz dos primeiros quatro anos à frente da D-SAR?
Silvio Monteiro Júnior: Tive a oportunidade de trabalhar com pessoas competentes e de ter o apoio das chefias que passaram por ali quanto às mudanças que precisávamos fazer. Tivemos a possibilidade de implantar algumas novidades, como o software que mudou a coordenação das operações. Até 2006, após o acionamento do serviço, a sequência era: selecionar a carta aeronáutica, abri-la sobre a mesa, colocar papel vegetal em cima e começar a traçar a possível rota. Se errássemos, começávamos tudo de novo. Hoje, temos um software e tudo é digital, economizando tempo e com maior precisão. Neste período, também tivemos o curso de operador de MCC – Mission Control Center (Centro de Controle de Missão) adotado como modelo mundial pelo Programa Cospas-Sarsat e a implantação da MEOLUT como terceira estação no mundo de captação de satélites de órbita polar média. Não é mérito meu, mas da organização do sistema.
Por Rafael Geyger
Leia a entrevista completa na edição de setembro da Revista Emergência
Foto: Antonio Ledes