
Há 39 anos, o Polo Petroquímico do Grande ABC é uma espécie de casa para João Carlos Hermenegildo, o Chuca. Em quase quatro décadas, a petroquímica onde atua mudou de mãos por três vezes, mas ele lá permaneceu.
Ingressou na Unipar como operador de processos e, três anos depois, já atuava como técnico de Segurança do Trabalho, acumulando atribuições de prevenção e resposta a emergências e acidentes. Em 2008, a empresa foi incorporada pela Quattor e João Carlos seguiu como responsável pela área. Dois anos depois, nova mudança e, desta vez, como Braskem, responde pelo cargo de especialista de Preparação e Resposta à Emergência.
Na atual empresa, juntou-se aos profissionais do Brasil para montar o GECEB (Grupo de Especialistas em Controle de Emergência da Braskem). Com reuniões periódicas, o objetivo é padronizar recursos e procedimentos de controle de emergência entre as plantas da petroquímica da Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Rio de Janeiro.
Em sua trajetória, João Carlos foi coordenador do PAM do Polo do Grande ABC e acumulou experiências que o fazem defender ferrenhamente os investimentos na resposta a emergências e na atuação conjunta dos recursos entre as indústrias, o que relata em entrevista à Emergência.
Revista Emergência: Em que nível está a preparação para emergências nas empresas brasileiras?
João Carlos Hermenegildo: É preciso analisar dois tipos de empresa. Primeiro, a empresa realmente preocupada com seu patrimônio e seus empregados. Depois, aquela que só faz o que é exigido por lei. Às vezes, a empresa está longe dos recursos públicos e, mesmo assim, não investe em emergência. Uma empresa que está no interior e não tem um corpo de bombeiros próximo deveria investir muito mais. Quem deve fiscalizar e cobrar este investimento são as seguradoras. Quando começarem a cobrar mais caro o seguro do empresário que não investe em emergência, o cenário tende a melhorar.
Emergência: O investimento esbarra na incerteza da utilização do recurso?
Hermenegildo: Se o empresário fizer estatística para investir, ele não irá investir. Ele deve entender que, apesar da probabilidade ser pequena, o dia que acontecer, o prejuízo será grande e pode, inclusive, acabar com seu patrimônio. A realidade dos polos de indústrias petroquímicas é completamente diferente das demais empresas. As petroquímicas investem em emergência porque a possibilidade de uma ocorrência sair de controle rapidamente é muito grande.
Por Rafael Geyger
Leia a entrevista completa na edição de dezembro da Revista Emergência
Foto: Luiz Claudio Sarno