quarta-feira, 25 de junho de 2025

Entrevista com médico do SAMU Salvador revela atuação diferenciada do serviço


Rafael Geyger | Revista Emergência
Data: 20/01/2014 / Fonte: Revista Emergência

Médico do SAMU Salvador/BA há oito anos, Oswaldo Alves Bastos Neto está à frente de uma equipe diferenciada do serviço. O time, responsável por realizar o atendimento pré-hospitalar e resgate em situações de extrema complexidade, coloca o número 192 em cenários como naufrágios, soterramentos e acidentes envolvendo produtos químicos perigosos.

Apesar de tais ações serem frequentemente executadas por outros serviços, como bombeiros, Oswaldo fala em composição, não em competição. “Temos que ampliar ambos os serviços e não adianta ficarmos discutindo enquanto a po­pulação padece”, afirma.

A prática diferenciada do SAMU soteropolitano tem, em parte, amparo na vivência do médico na área industrial, já que atuou em empresas do Polo Petroquímico de Camaçari/BA. Desta forma, ele aliou o conheci­mento prático à formação que obteve na graduação em operações, técnico e especialista, comando de operações, com especialização nos Estados Unidos. Nesta entrevista, Oswaldo fala ainda das peculiaridades do SAMU baiano, dos desafios do trânsito, do uso da motolância e da participação do profissional médico no dia a dia do serviço.

PERFIL

Oswaldo Alves Bastos Neto

Subcoordenador de Equipes Especiais do SAMU Metropolitano de Salvador/BA, Oswaldo Alves Bastos Neto atua no serviço desde julho de 2005. Médico formado em 1982, foi residente em Ortopedia e Traumatologia e possui especialização em Medicina do Trabalho. Iniciou a carreira como tenente-médico da Força Aérea Brasileira, na qual atuou no Esquadrão de Saúde na Base Aérea de São Paulo. Foi consultor da Coordenação Geral de Urgência e Emergência do Ministério da Saúde e integra times de extração na Fórmula 1 e na Stock Car. É instrutor de BLS, Heartsaver, PHTLS, ACLS e AHLS, todas capacitações de suporte de vida. Também possui formação de especialista em operações com produtos perigosos (Hazmat), inclusive como instrutor no Brasil. Em 2010, recebeu Citação Elogiosa do Conselho Regional de Medicina da Bahia por realizar procedimento cirúrgico em ambiente hostil, decisivo para salvar uma vida no desabamento de prédio na capital baiana.

Como se deu sua aproximação com o pré-hospitalar?

Após o período de residência médica, passei a atuar como médico na Força Aérea Brasileira, servindo na Base Aérea de São Paulo, ao lado do Aeroporto Internacional de Guarulhos. Uma das atribuições era treinar a equipe de bombei­ros. Na época, por volta de 1986, não havia no Brasil uma estruturação de APH como enten­demos hoje. No início, foi um pouco frustrante.

O médico é orientado a falar “medicinês”, uma linguagem extremamente técnica. En­tão, treinar pessoas que não eram da área de saúde e não tinham conheci­men­to técnico se tornou um desafio. Com frequên­cia, a aula terminava e vinha um sargento dizer: “Doutor, ninguém entendeu nada”. O problema não era deles, mas meu, porque eu não usava uma linguagem apropriada para aquele público e que não tinha conhecimento do que eu apresentava.

Faltavam referências na época?

Passei a buscar na literatura internacional o que existia para treinamento de profissionais não médicos e tive contato com os primeiros livros da Associação Americana de Técnicos de Emergência Médica (NAEMT, na sigla em inglês), que já iniciava os conceitos que temos hoje no curso de PHTLS, o suporte avançado de vida para pré-hospitalar.

Fomos desenvol­vendo uma série de atividades, adaptando para a nossa realidade e, junto com dois colegas da época, Murilo de Oliveira Villela e Áureo Raiel, montamos um programa de treinamentos para a Base Aérea e para o CVE (Corpo de Vo­luntários de Emergência) do aeroporto. Aí, despertou meu interesse em atuar fora do hospital. Em São Paulo, eu atuava na unidade hospitalar e, em 1997, vim para a Bahia.

Por quê?

Vim para a Bahia por questões profissionais e uma das constatações foi que não existiam profissionais que capacitassem as brigadas do Polo Petroquímico para atuação mínima de primeiros socorros na área industrial. No ano seguinte, iniciamos algumas atividades de orientação e, um pouco depois, acabei com­pon­do uma empresa para o treinamento das equipes de emergência do Polo. Em 2001, ini­ciou o serviço pré-hospitalar na Bahia em Vi­tória da Conquista, denominado Resgate Mé­dico e que incorporou-se à Rede SAMU em 2004. Já em 2005, fui convidado para compor a organização do SAMU em Salvador.

Entrevista ao Jornalista Rafael Geyger

Confira a entrevista completa na edição de janeiro da Revista Emergência.

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