sábado, 14 de junho de 2025

Entrevista: Avanços significativos

Edição 154 – Nov/24 / Jan/25

Pesquisador e instrutor da área de salvamento e resgate veicular destaca as novidades e desafios no segmento no Brasil

Uma das áreas da emergência que tem despontado nos últimos anos no Brasil é o salvamento e resgate veicular, considerando, principalmente, a realidade dos acidentes de trânsito no país, um problema de saúde pública. Um dos nomes mais dedicados ao assunto atualmente é o professor de Educação Física, acadêmico de Enfermagem, instrutor de Salvamento Veicular e Extração e sargento do CBPMESP (Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo), Ednei Fernando dos Santos.

Segundo ele, que é ainda membro da equipe médica da WRO (World Rescue Organization), entidade que trabalha na melhoria da atuação em emergências, como em situações de acidentes veiculares, tanto as técnicas quanto as tecnologias nesta área têm avançado no Brasil. Ele destaca em termos de técnicas a busca pelo bem-estar da vítima, priorizando a sua estabilização e segurança durante o salvamento. “No que se refere à fase de extração de vítimas, fase esta em que me tornei um grande pesquisador e especialista, os equipamentos e técnicas evoluíram significativamente, apresentando configurações e estruturas melhoradas, especialmente no que diz respeito ao desencarceramento”, afirma.

Nesta entrevista, o sargento detalha mais as evoluções e desafios da área e fala sobre suas experiências marcantes como a participação na equipe de busca e resgate na missão humanitária no terremoto da Turquia, em 2023.

Por Paula Barcellos/Editora e Jornalista da Revista Emergência


PERFIL – EDNEI FERNANDO DOS SANTOS

É Técnico em Emergências Médicas Avançadas (Argentina), graduado em Educação Física, graduando em Enfermagem e pós-graduando em Urgência e Emergência. Mestre em Ciências da Reabilitação e Doutorando em Ciências da Saúde. Sargento do CBPMESP, Ednei é ainda instrutor de Salvamento Veicular e Extração, membro da equipe médica da WRO (World Rescue Organization) e palestrante em eventos internacionais sobre Extração Veicular. Pesquisador na área de Avaliação Biomecânica e Extração Veicular, é autor de livros e artigos sobre emergências e traumas. Entre as experiências de destaque, participou da equipe de busca e resgate na missão humanitária às vítimas do Terremoto da Turquia, em 2023, e da equipe de extração da Fórmula E – GP Brasil.


COMO E POR QUE RESOLVEU SER BOMBEIRO?

Sempre digo que é difícil responder a essa pergunta, pois sinto que fui escolhido por Deus para a profissão de bombeiro. Não houve um momento específico na minha vida que acendeu em mim a vontade de seguir essa carreira, pois desde a infância eu expressava o desejo de ser bombeiro e, com o passar dos anos, essa convicção só aumentava. Eu refletia bastante sobre essa decisão, e toda essa energia foi fundamental para tornar esse sonho realidade.

O SENHOR É UM PESQUISADOR NA ÁREA DE SALVAMENTO E RESGATE VEICULAR. COMO ESTÁ A PREPARAÇÃO DO BRASIL NESTA ÁREA NA SUA OPINIÃO?

A preparação do Brasil na área de salvamento e resgate veicular tem avançado significativamente nos últimos anos, tanto em termos de equipamentos, tecnologia, capacitação prática quanto no desenvolvimento científico. O país tem investido cada vez mais em treinamentos especializados, com participação ativa de profissionais em eventos nacionais e internacionais, onde são compartilhadas as melhores práticas e inovações tecnológicas no campo do salvamento veicular. Além dos avanços tecnológicos e em treinamentos operacionais, a produção acadêmica e científica nessa área também é notável. O Brasil conta com pesquisadores renomados que têm se dedicado ao estudo de técnicas de salvamento e resgate, contribuindo para a criação de novos protocolos e métodos mais eficientes. Diversos congressos e seminários têm sido organizados no país, nos quais profissionais de diferentes partes do mundo se reúnem para promover um intercâmbio de conhecimentos. Esse cenário tem consolidado o Brasil como um importante polo de inovação e referência no resgate veicular. Atualmente, estou como membro da Organização Mundial de Resgate, representando a América Latina, algo que contribui demais para enaltecer a posição do Brasil no cenário internacional do salvamento veicular. A cooperação internacional também tem sido uma via de mão dupla, com vários países enviando profissionais ao Brasil para participar de treinamentos e competições de resgate veicular, o que fortalece o intercâmbio técnico e o aprimoramento das equipes brasileiras. Da mesma forma, hoje, estamos produzindo conteúdos de pesquisa com Espanha, Estados Unidos e Reino Unido. Esse processo de internacionalização eleva a qualidade dos serviços prestados pelos nossos profissionais, que estão cada vez mais preparados para lidar com situações complexas de acidentes.

O QUE TEM SURGIDO DE NOVO NESTE SEGMENTO EM TERMOS DE TÉCNICAS? QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DISCUSSÕES?

As novas técnicas e táticas de resgate estão cada vez mais centradas no bem-estar da vítima, priorizando a sua estabilização e segurança durante as fases do salvamento veicular. A ideia é minimizar o tempo de resposta, garantindo que a vítima receba atendimento médico adequado o mais rápido possível, enquanto se preserva sua integridade física durante a extração. Isso inclui práticas aprimoradas de restrição de movimentos da coluna. Um dos aspectos mais discutidos no cenário atual é o uso da tecnologia e da biomecânica do movimento na elaboração dessas novas técnicas. A análise da biomecânica da coluna tem permitido a criação de métodos de extração mais seguros, que levam em consideração os movimentos que o corpo humano pode sofrer durante a fase de extração. Por exemplo, há estudos que utilizam sensores de movimento para avaliar a melhor forma de movimentar e retirar a vítima de um veículo acidentado sem causar maiores danos. Essas discussões estão centradas em como tornar o resgate mais rápido, seguro e eficaz, e os avanços tecnológicos estão desempenhando um papel fundamental nesse processo. A utilização de drones para monitoramento das cenas de acidentes e a integração de sistemas de comunicação mais eficientes também são temas recorrentes, já que permitem uma melhor coordenação entre as equipes de salvamento e outras áreas de resposta, como médicos e enfermeiros.


Confira a entrevista completa na edição de nov/24 / jan/25 da Revista Emergência.

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