Edição 154 – Nov/24 / Jan/25
Vazamento de gás natural em posto de abastecimento revela descaso de gestores quanto à situação de risco
Nesta edição, apresentamos um caso envolvendo um vazamento de gás natural em um posto de abastecimento situado em área urbana. Veremos que ainda temos um bom caminho pela frente, pois falta conscientização e responsabilidade com a segurança de trabalhadores, clientes e da população existente no entorno desses estabelecimentos.
CASO
Um agente público, durante uma inspeção em um posto de abastecimento de combustíveis no interior de São Paulo, percebeu forte odor de gás natural veicular proveniente da sala de compreensão e armazenamento do produto (sala de máquinas). No total, havia 12 cilindros de gás natural veicular armazenados a uma altíssima pressão (acima de 220 kgf/cm2) (Foto 1). Uma vez que o agente público não possuía, naquele momento, qualquer equipamento portátil de detecção que pudesse constatar o vazamento, ele decidiu conversar com o gerente do estabelecimento. Para sua surpresa, o gerente comentou que esse tipo de odor em um posto que trabalha com gás natural veicular é algo “normal” e que já estava acostumado com isso.
O agente público comentou que o odor estava intenso e que a situação era preocupante, pois a sala de máquinas estava com a porta fechada, confinando o gás natural. Além disso, as instalações elétricas no seu interior eram precárias e ao lado do posto havia muitas residências.
Após a insistência do agente público, o gerente do posto disse que chamaria a equipe de manutenção para averiguar se havia algum vazamento, mas que isso só poderia ser feito no dia seguinte, uma vez que já era final de tarde. Assim, o agente público concordou com tal conduta e orientou o gerente a manter a porta aberta da sala de máquinas, de modo a minimizar a chance de acúmulo de produto e sua eventual ignição, o que certamente poderia provocar uma explosão com consequentes danos aos funcionários do posto, bem como à população e ao patrimônio privado.
MEDIDAS
O agente público foi para sua casa muito preocupado com aquela situação e, certamente, não dormiu bem. No final da manhã do dia seguinte, solicitou apoio de uma equipe especializada da sua instituição para avaliar aquele cenário.
O agente e a equipe especializada chegaram ao local por volta das 12 horas e, de imediato, constataram que a porta da sala de armazenamento estava fechada, contrariando a orientação dada. Apenas dois funcionários estavam no posto.
Com cautela, a equipe especializada abriu a porta da sala e, utilizando equipamento multigás (detecta concentração de gases inflamáveis, oxigênio, gás sulfídrico e monóxido de carbono), realizou monitoramento da concentração de gases inflamáveis na entrada da sala de máquinas, assim como de oxigênio, de modo a identificar eventual cenário de risco. Nada foi detectado pelos equipamentos. No entanto, rapidamente perceberam o forte odor característico de gás natural veicular.
Autores:
Edson Haddad – Químico MSc e diretor do Dinos Group (Associação de Especialistas em Controle de Emergências do Brasil)
edsonh@uol.com.br
Anderson Pioli – especialista em Emergências Químicas
Marcos Lisatchok – respondedor a Emergências Químicas
Confira o artigo completo na edição de nov/24 / jan/25 da Revista Emergência.