Edição 156 – Mai/Jul / 2025
A importância e as formas de desenvolver uma cultura em prevenção de incêndios nos hospitais
Ao longo dos meus mais de 15 anos de atuação em segurança contra incêndios, adquiri uma visão profunda sobre os desafios específicos que o ambiente hospitalar impõe. Nesta jornada, pude observar que, diferente de outros setores, os hospitais, em sua maioria, foram construídos em épocas em que as normas de segurança contra incêndios eram mais permissivas, resultando em infraestruturas inadequadas às exigências atuais.
Além disso, a complexidade do ambiente hospitalar é agravada pela presença de pacientes em condições críticas, muitos deles com pouca ou nenhuma mobilidade, e dependentes de equipamentos vitais. Esse contexto eleva exponencialmente os riscos durante emergências, ao mesmo tempo em que cria barreiras para a implementação de uma cultura forte de prevenção contra incêndios.
Entender que a prevenção de incêndios não é um detalhe secundário, mas o alicerce para a segurança total do paciente, é fundamental. É comum, no cotidiano hospitalar, que o foco intenso no cuidado direto ao paciente faça com que as medidas preventivas pareçam menos urgentes. No ambiente hospitalar, a dinâmica de trabalho, frequentemente, coloca a atenção total no paciente, tornando desafiador interromper processos para realizar atividades que, à primeira vista, não parecem estar diretamente ligadas ao atendimento de saúde. No entanto, o que muitos não percebem é que a verdadeira segurança hospitalar só se alcança quando a prevenção de incêndios é parte integrante da cultura organizacional, enraizada nas ações diárias de cada colaborador. Cada gesto, por menor que pareça, contribui para mitigar riscos e proteger vidas.
Por isso, convido você a refletir comigo sobre a Meta Zero: uma abordagem ambiciosa e necessária, cujo objetivo é reduzir a zero os incidentes de incêndio em hospitais, garantindo que a segurança do paciente seja sempre o pilar central de todas as decisões e ações institucionais.
IMPACTOS
As Seis Metas Internacionais de Segurança do Paciente, desenvolvidas pela JCI (Joint Commission International) com base em dados e experiências de instituições de saúde ao redor do mundo, são pilares fundamentais para a qualidade e segurança do cuidado ao paciente. Contudo, há um fator crítico que pode comprometer todas essas metas em segundos: um incêndio.
Como exemplo, tivemos o trágico incêndio no Hospital Badim, ocorrido em 12 de setembro de 2019, no Rio de Janeiro. Um curto-circuito no gerador no subsolo do hospital provocou uma rápida propagação de fumaça por todo o edifício, resultando na morte de 23 pessoas, muitas delas por asfixia. Imaginando um evento dessa magnitude, detalho a seguir alguns dos inúmeros e possíveis impactos a cada uma das metas internacionais de segurança do paciente:
- Identificação do paciente
Identificação correta dos pacientes é a primeira meta. No caos de uma evacuação causada por incêndio, a movimentação e relocação de pacientes, especialmente os críticos, podem gerar erros fatais. Durante um incidente, pode haver dificuldades em identificar corretamente os pacientes, aumentando o risco de trocas, confusões e comprometendo a segurança de cada um ao transferi-los para áreas seguras.
Autor:
Claudio da Silva Velozo – Bombeiro Profissional Civil, especialista em Prevenção contra Incêndios em Hospitais, instrutor de bombeiros credenciado no CBPMESP, técnico em Segurança do Trabalho, graduado em Processos Gerenciais e graduando em Engenharia de Produção.
cajvelozo@gmail.com
Confira o artigo completo na edição de mai/jul / 2025 da Revista Emergência.