sábado, 14 de junho de 2025

Considerações sobre a aplicação da Tabela­ de Monte Alegre

Por Marco Aurélio da Rocha

Na disciplina que leciono na pós-graduação de incêndio florestal, seguidamente há questionamentos sobre a utilização e aplicação da tabela de monte alegre a qual faz referência a um índice utilizado para avaliar o risco de incêndios florestais.

Esse índice foi desenvolvido a partir de dados da região central do Paraná, conhecida como Monte Alegre. Ele é calculado com base na umidade relativa do ar e na precipitação das últimas 24 horas, medidas às 13 horas. A fórmula original pode ser ajustada para incluir a velocidade do vento, o que melhora a precisão na indicação da intensidade de propagação do fogo.

Esse índice é importante para a prevenção e o combate a incêndios florestais, ajudando a identificar períodos de maior risco. Segundo a bibliografia, uma forma de prevenção destes incêndios é através do conhecimento do grau de perigo, que reflete a possibilidade de ocorrência de um incêndio, sendo condicionado por fatores ambientais variáveis, geralmente relacionados às condições meteorológicas e pode ser estimado de modo objetivo recorrendo aos índices existentes. O conhecimento do grau de perigo diário é uma ferramenta útil no planejamento das atividades de prevenção e combate aos incêndios florestais. Para isso, são utilizados os índices de perigo de incêndios que refletem a probabilidade de ocorrência e/ou propagação de um incêndio, em função das condições atmosféricas do dia ou de uma sequência de dias.

Em 1972, Soares desenvolveu o primeiro índice de perigo de incêndio do país, a Fórmula de Monte Alegre – FMA. Este índice é cumulativo e utiliza como variáveis meteorológicas a umidade relativa do ar, diretamente na equação e a precipitação, como restrição à somatória da FMA.

A FMA tem se mostrado eficiente para as regiões de clima similar ao da região para a qual a equação foi desenvolvida, necessitando de adaptação na escala de perigo nos outros casos. Podemos dizer que a fórmula de Monte Alegre (FMA) é um índice bastante simples pois utiliza apenas a umidade relativa do ar às 13h e a precipitação para calcular o risco de incêndio. É um índice que possui 5 classes de risco e é cumulativo, portanto precisa ser calculado todos os dias.

Sobre a Fórmula de Monte Alegre, o contexto que motivou seu desenvolvimento foi bastante trágico. Em 1963 um grande incêndio atingiu o estado do Paraná, com centenas de mortes e cerca de 2 milhões de hectares de florestas queimadas. Em 1972 o Professor Ronaldo Soares, da UFPR, defendeu sua tese de mestrado propondo a Fórmula de Monte Alegre com base em registros de incêndios florestais coletados a partir de 1965 na fazenda Monte Alegre (Klabin), em Telêmaco Borba-PR.

COMO CALCULAR O INDICE DE MONTE ALEGRE
Para calcular o Índice de Monte Alegre (FMA), você precisa de dois dados meteorológicos: a umidade relativa do ar às 13:00 horas e a precipitação acumulada nas últimas 24 horas. A fórmula é a seguinte:

FMA hoje = FMA ontem * f * 100 / (UR hoje)

Sendo:
FMAhoje = índice a ser calculado para hoje;
FMAontem = índice calculado no dia anterior;
F = fator de correção do valor acumulado, determinado de acordo com a precipitação ocorrida nas últimas 24 horas;
URhoje = umidade relativa do dia atual.

As variáveis meteorológicas (a umidade relativa do ar e a precipitação são medidas sempre às 13 horas). O valor “f” é determinado de acordo com a precipitação do dia, conforme tabela abaixo.

DETERMINAÇÃO DO GRAU DE PERIGO DA FÓRMULA
Após calculado o valor do índice (FMA), entra-se na tabela abaixo com este valor e verifica-se o Grau de Perigo.

Fonte:https://www.sinopenergia.com.br

Para a divulgação do índice para a população, recomenda-se o emprego de painéis indicadores, instalados em locais de maior movimentação e/ou permanência de pessoas.

Espero ter contribuído para entendimento sobre um tema não tão “convencional” para os profissionais respondedores de emergência.

Na próxima postagem, auxiliarei a fazerem o cálculo diário dos valores de FMA, para poderem calcular esses valores diariamente ou acumulado semanal.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
– BATISTA, A. C. Incêndios Florestais. Recife: Imprensa Universitária da UFRPE, 1990. 115 p.
– GAYLOR, H. P. Wildfires: prevention and control. Bowie: R. J. Brady, 1974. 319 p.
– SOARES, R. V. Índice de perigo de incêndio. Floresta, Curitiba, v.3, n.3, p.19–40, 1972a.
– SOARES, R. V. Desempenho da “Fórmula de Monte Alegre”: índice brasileiro de perigo de incêndios florestais. Cerne, Lavras, v.4, n.1, p.87–99, 1998.

O blog Emergência em Pauta trata do gerenciamento de emergências e segurança contra Incêndio e Pânico. O autor do blog é Marco Aurélio Nunes da Rocha, técnico em Segurança e em Química. Emergency Medical Technician (EMT-B). Graduado em Química e em Segurança, Licenciado em Biologia e em Pedagogia. Mestre em Prevenção de Riscos. Pós-Graduado em Gerenciamento de Crises, Emergências e Desastres, em Segurança e Higiene Ocupacional, em Toxicologia Geral e em Segurança contra Incêndio e Pânico. Especialista em Psicopedagogia e em Urgência e Emergência Pré-hospitalar. Professor de cursos de Pós-Graduação de Engenharia de Segurança, Medicina do Trabalho, Enfermagem do Trabalho e em Urgências e Emergências, Engenharia de Prevenção e Combate a Incêndios, Incêndio Florestal, Defesa Civil, Gestão de Crises, Emergências e Desastres e APH Tático Militar e nos MBAs Executivos de Gerenciamento de Crises e de Safety e Security. Diretor do SINDITEST/RS.
rochasafety@yahoo.com.br

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