
A segurança das estruturas em situação de incêndio é obtida por meio de proteção antitérmica. Esta proteção pode ser obtida por intermédio de autoproteção, barreiras antitérmicas e estruturas mistas ou estruturas integradas. A autoproteção consiste no elemento estrutural isolado, sem revestimento contra fogo, dimensionado para resistir às altas temperaturas de um incêndio. Geralmente, esta é a maneira mais adequada aos elementos de concreto e madeira. Com as barreiras antitérmicas, o elemento é protegido com materiais de revestimento contra fogo. As espessuras desses materiais são calculadas por meio analítico ou experimental. Geralmente, esta maneira é a mais adequada para elementos metálicos e, por vezes, para a madeira. A integração a outros elementos construtivos, constituindo as estruturas mistas ou estruturas integradas, é outro tipo de proteção.
Para o dimensionamento preciso de uma estrutura (com ou sem revestimento contra fogo), é necessário conhecer o campo de temperaturas a que ela está submetida, a fim de se determinar os esforços resistentes. A segurança em incêndio estará verificada se os esforços resistentes forem maiores ou iguais aos esforços solicitantes correspondentes. Dessa forma, o dimensionamento é composto de duas fases. A análise térmica e o dimensionamento propriamente dito. Alternativas simplificadas, analíticas ou tabulares são geralmente apresentadas em normas. São métodos fáceis de serem aplicados, mas nem sempre os mais econômicos.
Concreto
A segurança das estruturas de concreto é obtida por meio de dimensionamento (autoproteção) adequado, conforme a NBR 15200:2004 (ora em processo de revisão), que teve por base o Eurocode 2. A norma brasileira estabelece os critérios de projetos de estruturas de concreto em situação de incêndio e a forma de demonstrar o seu atendimento por meio de um dos métodos abaixo descritos.
No método tabular, admite-se que a inequação 15 (exposta na primeira parte do artigo) é verificada, bastando atender às dimensões mínimas apresentadas em tabelas em função do tipo de elemento estrutural e do TRRF (Tempo Requerido de Resistência ao Fogo). Estas dimensões mínimas são normalmente: a espessura das lajes, a largura das vigas, as dimensões das seções transversais de pilares e tirantes e a distância entre o eixo (CG – Centro Geométrico) da armadura longitudinal e a face do concreto exposta ao fogo.
Ressalte-se que a temperatura na armadura não é função apenas do cobrimento, mas do par largura mínima e distância do CG. A temperatura no interior da seção de concreto varia conforme suas dimensões e a temperatura da armadura é igual à do concreto que a envolve. Uma armadura com a mesma distância do CG, mas em elementos de concreto de diferentes dimensões, terão temperaturas diferentes.
Nas tabelas indicadas na NBR 15200:2004 não são considerados eventuais efeitos de spalling (lascamentos) e deformação térmica.
Valdir Pignatta e Silva, Fabio Domingos Pannoni, Edna Moura Pinto e Adilson Antônio da Silva
Este artigo foi publicado originalmente no livro “A Segurança contra Incêndio no Brasil”, com o título “Segurança das Estruturas em Situação de Incêndio”, de Silva et al. (2008). Nesta edição, publicamos a segunda e última parte do artigo.
Leia o artigo completo na edição de novembro da Revista Emergência.
Ilustração: Beto Soares/Estúdio Boom