segunda-feira, 16 de junho de 2025

CGUE busca mudanças para humanizar o serviço de Urgência e Emergência

Data: 13/10/2011 / Fonte: Revista Emergência

O caminho do médico Paulo de Tarso na área de Urgência e Emer­gência começou há mais de 20 anos, quando trabalhava na pre­feitura de São Paulo e foi convidado para participar das ativi­dades do Projeto Resgate que iniciava, fruto de uma parceria entre a Secretaria de Saúde do Estado com a Secretaria de Segurança Pública por meio do Corpo de Bombeiros e do Grupamento Aéreo da Polícia Militar.

“Na época existia um tabu horrível, causado por um desco­nhe­ci­mento de que era melhor investir nos hospitais do que ter uma am­bu­lância toda equipada. Só que por diversos fatores acabei indo conhecer o serviço e entendi o que ele representava. Comecei a aprender e foi uma paixão. Eu falo que é uma doença infectocontagiosa sem cura. Você se contamina e fica cada vez mais apaixonado porque é um pedaço da assistência que dá um salto de qualidade muito grande.”

Para ele, es­ta paixão se traduz numa questão: humanização. “Ele nos tira de den­tro da unidade de saúde que nos protege por paredes e nos coloca em contato com a sociedade. Passamos a entender o processo saúde e doença porque vamos até a pessoa. Com isto, abrimos a mente, mudando, inclusive, juízos e valores. Fazemos uma revisão, inclusive, de aspectos técnicos profissionais. Provoca uma mudança no caminho da humanização incrível”, destaca.

Toda a sua experiência só reforçou es­ta paixão e o levou até o cargo de coordenador geral de Urgência e E­mergência e do SAMU 192, do Ministério da Saúde. Hoje, continua re­forçando que o caminho é humanizar e para isto mudanças precisam ser feitas no sistema, o que fica provado já com a primeira portaria pu­bli­cada em sua gestão, a 1.600, que institui a Rede de Atenção às Ur­gências no SUS.

Sobre os objetivos e perspectivas da Rede, os demais elementos que a compõem, além da educação, estrutura, novas tec­nologias e divulgação do sistema brasileiro de Urgência e Emergência, Paulo de Tarso falou à Emergência durante a última Expo Emergência, em agosto.

Revista Emergência – O que a portaria instituída este ano sobre a rede de atenção às urgências pretende trazer na prática para o sistema e quais as expectativas?

Paulo de Tarso Monteiro Abrahão
– Um ponto principal que eu vejo é parar de ver Urgência como se fosse SAMU e UPA. Ur­gên­cia é este todo que começa desde a pro­moção e prevenção, ou seja, fazer saúde e não só o atendimento à doença. Promover saúde para que tenha menos urgência e passar por to­dos os segmentos de atenção na rede assis­ten­cial, desde a atenção básica, regulação, to­das as portas hospitalares, humanização, pós-hospitalar, entre outros. Para mudar este con­ceito, este cenário de que o paciente nunca é de ninguém na questão do agravo da urgência. Então, por exemplo, se tenho uma urgência, eu preciso ser acolhido num ponto de atenção da saúde, seja ele qual for. De acordo com a clas­sificação do meu risco de urgência, eu vou ser a­colhido nesta unidade, estabilizado nesta uni­dade e encaminhado para o ponto certo, de acordo com o risco do meu agravo. Outro ponto importante é pararmos de falar do conceito Ur­gência e Emergência (conceito técnico) que é só um conceito que nos afasta da população. Te­mos que falar, agora, de necessidades. As pessoas têm necessidades diferentes e estas ne­cessidades passam por vários pontos, desde a gravidade daquilo que está afetando a saúde delas até a valência social. Então, a valência social vai dizer que um agravo para uma pessoa é diferente do mesmo agravo para outro segmento da sociedade que tem uma vulnerabi­li­dade maior, como as pessoas que moram na rua, como a população indígena, como alguém que mora de uma maneira mais precária. Então, o mesmo agravo técnico, pelas vulnerabili­dades diferentes, fará com que o risco aumente e que os profissionais da saúde encarem a Ur­gência de uma maneira mais verdadeira e mais humana.

Leia a entrevista completa na edição de outubro da Revista Emergência.

Foto: Antonio Ledes

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1 COMENTÁRIO

  1. Conheço Paulinho desde o SAMU Salvador, SAMU Sergipe e SAMU Paulo Afonso, Ba. Excelente médico regulador e emergencista, professor do curso de regulaçao do Ministério da Saude, nao visa capital algum, somente o carinho com as pessoas e o progresso do sistema de saude do nosso país.Parabéns á revista por esta excelente entrevista. Por favor, façam chegar até ele o meu abraço, Comandante Urubu, médico do SAMU Sergipe.

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