domingo, 15 de junho de 2025

Emergências em plataformas petrolíferas exigem maior preparo

Data: 10/08/2011 / Fonte: Revista Emergência

O Brasil possui 132 plataformas marítimas em operação, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio­com­bustíveis), localizadas a distâncias de até 300 qui­lômetros da costa. Isoladas em mar aberto, tais insta­lações são estruturadas para garantir a ­sobrevivência a bordo, incluindo aí aspectos de segurança e de e­mergências.

Em situações de incêndio, vazamento de óleo ou em qualquer agravo à saúde, a resposta, por razões óbvias, não pode aguardar o apoio do continente e toda uma logística de atendimento é estabelecida no empreendimento. Isso resulta na elaboração de planos, formação de times de resposta, capacitação e treinamento de equipes e aquisição de recursos específicos.

O mercado da emergência offshore se mostra aquecido no Brasil, principalmente pela recente ­expansão da área e os frequentes investimentos nacionais e internacionais. Pesquisa divulgada pela empresa IHS Cera, no início do ano, revelou que 11 das 35 ­grandes descobertas de petróleo (com mais de 1 bilhão de barris), entre 2001 e 2010, ocorreram no Brasil. Só em 2011, a Petrobras já anunciou cinco no­vas descobertas de petróleo no mar – quatro ­delas na camada de pré-sal, o mais recente e promissor foco do setor.

Lembra Alexandre Reis, gerente de Operações da Falck Nutec, empresa de treinamento offshore, que, com o crescimento da indústria do petróleo brasileira, o país está recebendo um importante número de embarcações estrangeiras, o que gera uma ­grande demanda de profissionais capacitados e com experi­ência. Para ele, a formação dos profissionais de emergência, com foco e especialização na área offshore, pode e deve evoluir consideravelmente para atender à necessidade gerada pelo pré-sal.

Reis, no entanto, entende que o mercado nacional começa a experimentar a falta de mão de obra qualificada em todos os segmentos e tem o setor de segurança e resposta à emergência como um ponto frágil na cadeia produtiva, merecendo, por isso, atenção das autoridades, universidades e escolas técnicas que atuam no segmento.

“São vários itens que irão construir um ambiente seguro, os quais passam, certamente, por equipamentos de segurança adequados e dimensionados para os riscos operacionais de cada unidade, procedimentos de segurança adequados à legislação brasileira e profissionais capacitados para utilizar os equipa­mentos com experiência para a execução dos procedimentos de emergência”, pondera.

Primeiros socorros

Classificadas no grau de risco 4 pela NR 4 (­Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho), as unidades ma­rítimas de extração de petróleo e gás natural agregam uma área industrial de ma­quinários e equipamentos potentes e pe­sados. A preparação para o enfrenta­men­to das situações de emergência nestas instalações está prevista na NR 30 (Segurança e Saúde no Trabalho Aqua­viário).

A norma estabelece que todas as plata­formas tenham caixa de medicamentos e o Guia Médico Internacional de Bordo. Também prevê o desembarque do trabalhador para continuidade do atendimento, a existência de enfermaria (em instalações com mais de 30 trabalhadores), a permanência de profissionais de saúde (em plataformas com mais de 50 tra­balhadores) e a necessidade de treinamento de todos os trabalhadores que per­maneçam mais de três dias na instalação. Tal capacitação deve abordar as me­didas adotadas em caso de acidente ou outro tipo de emergência médica a bordo.

Segundo o enfermeiro Julio César Fer­reira, especialista em Enfermagem do Trabalho e vice-presidente da Sobea (Sociedade Brasileira de Enfermagem A­qua­viária), as equipes de emergência off­shore são formadas por trabalhadores multicapacitados, que não são especialistas e não têm dedicação exclusiva. Geralmente, explica ele, trata-se de um grupo de trabalhadores de funções diferentes que recebem capacitação bási­ca (ou avançada, em alguns casos), com reci­cla­gem periódica para atuar, principalmente, em cenários de combate a incêndio, com noções de primeiros socorros.

Conforme Ferreira, a bordo das plata­formas, os profissionais de saúde se deparam com diversos tipos de atendimentos clínicos, que variam de queixas de cefaleia ao acometimento de disfunções cardiovasculares. “Em se tratando de um lo­cal de convívio em confinamento, as doenças de potencial infecto-contagioso recebem uma atenção especial, ­tendo status de emergência clínica”, diz.

Reportagem de Rafael Geyger

Leia a matéria completa na edição de agosto da Revista Emergência

Foto: Gary Keen/U.S. Navy

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2 COMENTÁRIOS

  1. muito boa essa reportagem, pois esotu muito enteressado em fazer enfermagem do trabalho como pós-graduação. e esta me fez entender um pouco mais sobre a area de atuação do enfermeiro do trabalho. muito obrigado!!!!!!!!

  2. Muito interessante a reportagem, pois aborda um tema fundamental para operações offshore. Sou instrutor de Cbinc de uma Empresa ligada ao setor de treinamento para embarque em plataformas e afins, e estamos observando que a procura pelo treinamento tem aumentado consideravelmente,tanto por aqueles que buscam uma oportunidade no setor, como para reciclagem para quem já está na área há algum tempo.
    Excelente.

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