
As atividades de Enfermagem no APH (Atendimento Pré-Hospitalar) foram regulamentadas pelo Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo, por meio da decisão 001, de 22 de março de 2001, resolvendo que “o Atendimento Pré-Hospitalar de Suporte Básico e de Suporte Avançado de Vida, em termos de procedimentos de Enfermagem previstos em lei seja, incondicionalmente, prestado por Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem ou Auxiliares de Enfermagem, observados os dispositivos constantes na Lei nº 7.498/86 e Decreto-lei nº 94.406/87”.
Pela Portaria nº 2.048 do Ministério da Saúde são definidas as funções do enfermeiro, o perfil deste profissional, bem como de toda a equipe que deve atuar neste serviço. A Portaria determina que os enfermeiros de APH sejam responsáveis pelo atendimento de Enfermagem necessário para a reanimação e estabilização do paciente no local do evento e durante o transporte. Cabe também ao enfermeiro prestar serviços administrativos e operacionais em sistemas de atendimento pré-hospitalar, supervisionar e avaliar as ações de Enfermagem da equipe no atendimento pré-hospitalar móvel, dentre outras funções específicas.
Os trabalhadores da área da Saúde estão expostos a inúmeros riscos em suas atividades. De acordo com o autor Marcelo Firpo de Souza Porto, os riscos podem estar presentes sob diversas formas, em particular nas substâncias químicas, em agentes físicos, mecânicos e biológicos, na inadequação ergonômica dos postos de trabalho, ou, ainda, em função das características da organização do trabalho e das práticas de gerenciamento das empresas, como organizações autoritárias, tarefas monótonas e repetitivas.
Segundo o autor Júlio César da Silva Soares, os riscos químicos são substâncias que podem penetrar no organismo pelas vias respiratórias, como aerossóis (poeiras, névoas, neblinas e fumo), gases e vapores. Também fazem parte deste grupo os produtos químicos desencadeadores de explosões e incêndios. Dentre os riscos químicos relacionados a trabalhadores da área da Saúde destacam-se aqueles de exposição a medicamentos por inalação, absorção e ingestão de gotículas, ou durante a quebra e/ou reconstituição de ampolas, pois as substâncias presentes nas medicações podem gerar contaminações químicas, causando efeitos carcinogênicos, teratogênicos, sistêmicos (tais como os neurotóxicos), irritantes, asfixiantes, anestésicos, alergizantes, entre outros males.
Ainda segundo Soares, os riscos físicos são diversas formas de energia que podem estar expostas aos trabalhadores, tais como: ruído, calor, frio, umidade, pressões, radiações ionizantes e não ionizantes e vibrações como o infrassom e o ultrassom.
Os profissionais da área da Saúde estão em constante risco biológico, ou seja, expostos a infecções durante sua atividade ocupacional. A necessidade de proteção contra um risco biológico é definida pela fonte do material, pela natureza da operação a ser realizada, bem como pelas condições de realização. As vias de transmissão que podem ocorrer no serviço pré-hospitalar são as seguintes: sangue, líquidos orgânicos, bacilos e ar condicionado, conforme César Augusto Soares Nitschke et al.
Ainda segundo Nitschke, os trabalhadores de APH estão sujeitos também a riscos mecânicos ou de acidentes, dentre eles destacam-se: falhas mecânicas da ambulância, deslocamento da ambulância no trânsito, espaço interno restrito e mobiliário, gravidade do atendimento, utilização de equipamentos biomédicos, instalação elétrica da ambulância ou equipamentos eletrônicos. O trabalho em ambulâncias apresenta a necessidade do rápido deslocamento pelas vias públicas, em que ela avança mais rapidamente que o fluxo normal do trânsito. Desta forma, há o risco de acidente de trânsito, envolvendo riscos de lesões e morte.
Este estudo nasceu da minha observação e percepção a partir de um trabalho voluntário que realizei no SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) em Viamão/RS. Observei que os trabalhadores têm muitas necessidades, entre elas, destaca-se a segurança, sendo que os riscos aos quais estes trabalhadores se expõem são inúmeros. O estudo relata os riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores de um SAMU estão expostos. Assim, espero contribuir com essa área de investigação e, sobretudo, pensar e criar condições para melhorar o trabalho nesta área.
Daniela Vidal Rocha Lorenz, enfermeira da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Conceição, e Zoraide Immich Wagner, enfermeira da Unidade do Trauma do Hospital de Pronto-Socorro e professora da Unisinos
Leia o artigo completo na edição de Julho da Revista Emergência
Ilustração: Beto Soares/Estúdio Boom