terça-feira, 01 de julho de 2025

Especialista alerta para a organização e controle dos materiais combustíveis nas fábricas de confecção

Por Nícolas Suppelsa / Repórter da Revista Proteção

No dia 12 de fevereiro, um incêndio de grandes proporções destruiu a Maximus Confecções, na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro. No momento do acidente, trabalhadores confeccionavam fantasias para o carnaval carioca.

Pelo menos 22 pessoas se feriram, 12 delas em estado grave. Uma pessoa morreu.no hospital. Todas as vítimas foram internadas por terem inalado fumaça. Ninguém teve queimaduras.

O fogo chegou a se alastrar para prédios residenciais vizinhos, mas foi contido em algumas horas. A 21ª DP (Bonsucesso) vai investigar as causas do incêndio. O Major Fábio Contreiras, porta-voz do CBMERJ (Corpo de Bombeiros Militar do Estado do RJ) relatou à CNN que a fábrica estava com documentação irregular, sem AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) nem CA (Certificado de Aprovação). Também mencionou que a falta dessa documentação indica que o local não possuía equipamentos adequados de combate a incêndio nem saídas de emergência.

Reportagem do G1 relata que o local era de difícil acesso, com passagens estreitas, e caminhões com escadas magirus não conseguiam se aproximar. Bombeiros utilizaram escadas portáteis na retirada dos trabalhadores. As vítimas foram resgatadas minutos antes de as chamas se alastrarem para o andar onde estavam.

MATERIAIS

Rogério Crotti, engenheiro eletricista, especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho e Administração Industrial, comenta que todas as fábricas de confecções manuseiam materiais de fácil combustão. “Tecidos de algodão possuem uma maior resistência ao início da combustão que os materiais sintéticos, usados normalmente nas fantasias”, explica.

Quanto ao sistema produtivo, Crotti diz que existem dois tipos de fábrica. O primeiro é a produção contínua, que utiliza um sistema organizado e faz o controle de estoque de matéria-prima e de produto acabado. Apesar de contar com um manuseio de materiais combustíveis, este modelo apresenta um risco controlado.

Já as empresas de produção de produtos de temporada, diz ele, normalmente contam com um sistema produtivo desorganizado, com excesso de materiais e produtos acabados estocados. “Desta forma, o risco de incêndio é potencializado, tornando o espaço uma bomba relógio prestes a detonar”, ressalta.

Crotti enfatiza que os tecidos das fantasias aliados aos materiais plásticos, que auxiliam no impacto visual do produto final, facilitam a ocorrência de incêndios. “Em especial, nesta época de pré-carnaval onde as empresas de fantasias operam 24 horas por dia e contam com uma grande quantidade de material armazenado”, afirma.

Ele ainda destaca a importância de se aplicar medidas de segurança contra incêndio ideais para estes locais. Possuir um AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros), atendendo a todos os requisitos do Corpo de Bombeiros, como extintores, hidrantes, alarmes e rotas de fuga é um passo inicial.

Além disso, Crotti cita como fundamental a organização do material estocado (matéria-prima e produto final) em depósitos adequados e isolados da área produtiva.

As instalações elétricas tecnicamente adequadas também desempenham papel fundamental na segurança contra incêndios. “Não devem estar aparentes, não podem ter emendas nem improvisações”, afirma Crotti. Além disso, o controle de fumo e de fontes de ignição (ferros e cilindros de passar, sistema de colagem de adereços) são fundamentais.

Saiba mais

Confecção pega fogo em Ramos/RJ, com pessoas presas no imóvel

Artigos relacionados

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui