domingo, 15 de junho de 2025

SÉRGIO SIMÕES – Comandante do Corpo de Bombeiros do RJ fala com exclusividade sobre os movimentos que marcaram a história da corporação carioca

O coronel Sérgio Simões assumiu a mais antiga e uma das mais representativas corporações do país em momento delicado. Movimentações da categoria por melhores condições de salário ultrapassaram os limites da negociação pacífica e marcaram a corpo­ração carioca que enfrentou um cenário de guerra com depredações e ameaças de greve nunca vistas na história do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.

Para o coronel, os debates foram além da simples luta salarial e atingiram os interesses políticos. O saldo foi a exclusão de militares da corporação e uma sensação desconfortável para o líder atual dos bom­beiros no Rio. “Não é uma situação agradável, muito pelo contrário, é uma situação que mexe com os meus sentimentos de quem já vive há 34 anos nesta corporação e nunca viu nada parecido”, desabafa o comandante.

No mesmo dia em que concedeu uma coletiva à imprensa sobre a expulsão de 13 bombeiros, coronel Sérgio falou com exclusividade à Emergência sobre os detalhes de toda a trajetória do movimento e ainda sobre os procedimentos operacionais diante das ocorrências recentes, como o desabamento de prédios no centro do Rio, e a pre­paração para grandes eventos.

Revista Emergência: O senhor assumiu a corporação no ano passado num momento complicado. Recentemente, houve movimentações novamente. Como foi e está sendo administrar esta questão?

Sérgio Simões: É uma situação muito delicada, mas é impossível para um oficial de carreira recusar um convite para comandar uma corporação como esta. O governador Sérgio Cabral me chamou para uma reunião, fez o convite e eu me senti com a obri­gação moral de aceitar. Não que eu tivesse receio de assumir o desafio, mas o que mais me preocu­pava era a condição em que meu colega anteces­sor, co­ronel Pedro Cruz, saía do co­mando e isto eu mani­fes­tei para o go­vernador.

Ele conversou muito detidamente comigo sobre este aspecto, mas me fazendo ver que o cenário era de tamanha complexidade que já não havia possibilidade da continuidade do coronel Pedro, que é um dos profissionais mais bri­lhantes da corpora­ção, reconhecido, homem de tropa e que merece o nosso respeito. Então, o meu cuidado foi especifi­ca­mente em relação a este ponto que, uma vez esclarecido, ini­ci­almente pelo go­ver­nador e de­pois numa conversa pes­soal mi­nha com o coronel Pedro, me senti mui­to seguro para assumir o co­man­do. No entan­to, a situação fugiu ao convencional em função da maneira como as coisas se deram.

Levando em consideração a complexidade do problema eu diria que este processo se di­vide em três partes. Primeiro: a causa era le­gítima. Embora já estivesse em andamento um programa de recomposição salarial que em nenhum dos outros governos anteriores havia sido elaborado, a sequência desta recompo­sição, mês a mês, causava uma expectativa ruim em razão da grande defasagem. Em junho do ano passado, o piso era da ordem de R$ 1.100,00. Hoje, temos 54 soldados sem triênio recebendo R$ 2.119,00 e 700 soldados com triênio ganhando R$ 2.286,00.

Confira a entrevista completa na edição 37 da Revista Emergência. 

Por Alexandre Gusmão
Foto: Alexandre Gusmão
 


 

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