
MATÉRIA DE CAPA: RESGATE EM ESPAÇO CONFINADO
Reportagem: Rafael Geyger
Foto: Vertical Pro
Condições Adversas
Espaço confinado requer planejamento, técnicas e equipamentos diferenciados para o resgate
A necessidade de técnicas e conhecimentos mais complexos difere o resgate em espaço confinado de outros tipos de ações de salvamento. Operações de trabalho rotineiras nesses cenários já são altamente complicadas e, no caso de um acidente, o resgatista deve estar preparado para enfrentar um ambiente em condições totalmente adversas.
Sérgio Augusto Garcia, auditor fiscal da SRTE/RS (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), salienta que a atividade oferece riscos atmosféricos, físicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos, que podem provocar acidentes graves, incluindo lesões, amputações de membros e morte dos trabalhadores e resgatistas.
Segundo ele, no espaço confinado, a deficiência do oxigência pode levar os profissionais a óbito por asfixia, enquanto que atmosferas ricas em oxigênio alteram a inflamabilidade de alguns materiais, fazendo com que entrem em ignição mais facilmente e queimem mais rápido. Além disso, a formação de contaminantes pode gerar uma atmosfera IPVS (Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde).
Intoxicação, asfixia por gases, como monóxido de carbono e gás sulfídrico, choque elétrico, queda, colapso estrutural (desabamento e soterramento) e ataque de animais ou insetos agressivos são riscos que preocupam o capitão Humberto Leão, chefe do Resgate do CBPMESP.
Já Elton Fagundes, diretor da Stonehenge e instrutor e supervisor de equipes de resgate em espaço confinado, acrescenta as aberturas limitadas de entrada e saída, ventilação desfavorável, temperaturas elevadas ou muito baixas e ruídos e vibrações.
Com tantas ameaças presentes, nem o uso de todos os equipamentos disponíveis garante segurança completa ao resgatista. Marcello Vazzoler, diretor da Vertical Pro e especialista em resgate em altura e espaço confinado, indica que uma equipe de resgate industrial, previamente preparada, tende a fazer junto aos profissionais de segurança do trabalho um levantamento e controle de riscos existentes. Assim, ela só irá atuar em extrema necessidade e tendo uma ideia precisa dos riscos e do controle deles. Por outro lado, lembra Vazzoler, o bombeiro dificilmente irá se negar a fazer o resgate, ainda que sobre uma atmosfera de alto risco.
“Se colocar em situação de risco é inerente à profissão bombeiro no mundo todo, portanto, o que temos que fazer é aumentar o nível de proteção individual e das equipes”, afirma Humberto Leão.
Para aumentar a segurança, ele indica algumas providências. Entre elas está a necessidade de preparar duas equipes com equipamento completo para exploração, principalmente de proteção respiratória. Assim, uma equipe entrará no local em busca da vítima e a outra, comumente chamada de back up, deverá estar preparada para agir.
Em algumas situações, no entanto, pode não ser necessária a entrada de resgatistas no espaço confinado, explica Carlos Barbouth, presidente da Survival Systems do Brasil. Isso é possível desde que exista viabilidade para uma das duas alternativas menos arriscadas: o “autor-resgate” (definido pela NBR 14787 como a capacidade desenvolvida pelo trabalhador em treinamento, que possibilita seu escape com segurança, de ambiente confinado em que entrou em atmosfera IPVS) ou o “resgate externo” (que consiste na utilização pelo vigia, desde o exterior, dos movimentadores de pessoas em situações de emergência, se as circunstâncias permitirem).
Para Barbouth, quando do ingresso do resgatista no espaço confinado, um fator fundamental para a sua segurança está na comunicação, que permite monitorar a condição física e psicológica dos resgatistas, alertar sobre perigos e manter a coesão e o foco do grupo, podendo ser o elemento chave para determinar o sucesso ou não da operação.
Ele explica que a comunicação pode ser visual, verbal direta (inviável quando são utilizadas máscaras faciais), tangível (por puxões de corda ou batidas sonoras), por sistemas sem fio, via rádio (sujeitos a interferências ou falhas de frequência) e por sistemas com cabo.
Confira a reportagem na íntegra na Edição 19 (Fevereiro/Março) da Revista Emergência.
Reportagem: Rafael Geyger
Foto: Vertical Pro
Condições Adversas
Espaço confinado requer planejamento, técnicas e equipamentos diferenciados para o resgate
A necessidade de técnicas e conhecimentos mais complexos difere o resgate em espaço confinado de outros tipos de ações de salvamento. Operações de trabalho rotineiras nesses cenários já são altamente complicadas e, no caso de um acidente, o resgatista deve estar preparado para enfrentar um ambiente em condições totalmente adversas.
Sérgio Augusto Garcia, auditor fiscal da SRTE/RS (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego), salienta que a atividade oferece riscos atmosféricos, físicos, biológicos, mecânicos e ergonômicos, que podem provocar acidentes graves, incluindo lesões, amputações de membros e morte dos trabalhadores e resgatistas.
Segundo ele, no espaço confinado, a deficiência do oxigência pode levar os profissionais a óbito por asfixia, enquanto que atmosferas ricas em oxigênio alteram a inflamabilidade de alguns materiais, fazendo com que entrem em ignição mais facilmente e queimem mais rápido. Além disso, a formação de contaminantes pode gerar uma atmosfera IPVS (Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde).
Intoxicação, asfixia por gases, como monóxido de carbono e gás sulfídrico, choque elétrico, queda, colapso estrutural (desabamento e soterramento) e ataque de animais ou insetos agressivos são riscos que preocupam o capitão Humberto Leão, chefe do Resgate do CBPMESP.
Já Elton Fagundes, diretor da Stonehenge e instrutor e supervisor de equipes de resgate em espaço confinado, acrescenta as aberturas limitadas de entrada e saída, ventilação desfavorável, temperaturas elevadas ou muito baixas e ruídos e vibrações.
Com tantas ameaças presentes, nem o uso de todos os equipamentos disponíveis garante segurança completa ao resgatista. Marcello Vazzoler, diretor da Vertical Pro e especialista em resgate em altura e espaço confinado, indica que uma equipe de resgate industrial, previamente preparada, tende a fazer junto aos profissionais de segurança do trabalho um levantamento e controle de riscos existentes. Assim, ela só irá atuar em extrema necessidade e tendo uma ideia precisa dos riscos e do controle deles. Por outro lado, lembra Vazzoler, o bombeiro dificilmente irá se negar a fazer o resgate, ainda que sobre uma atmosfera de alto risco.
“Se colocar em situação de risco é inerente à profissão bombeiro no mundo todo, portanto, o que temos que fazer é aumentar o nível de proteção individual e das equipes”, afirma Humberto Leão.
Para aumentar a segurança, ele indica algumas providências. Entre elas está a necessidade de preparar duas equipes com equipamento completo para exploração, principalmente de proteção respiratória. Assim, uma equipe entrará no local em busca da vítima e a outra, comumente chamada de back up, deverá estar preparada para agir.
Em algumas situações, no entanto, pode não ser necessária a entrada de resgatistas no espaço confinado, explica Carlos Barbouth, presidente da Survival Systems do Brasil. Isso é possível desde que exista viabilidade para uma das duas alternativas menos arriscadas: o “autor-resgate” (definido pela NBR 14787 como a capacidade desenvolvida pelo trabalhador em treinamento, que possibilita seu escape com segurança, de ambiente confinado em que entrou em atmosfera IPVS) ou o “resgate externo” (que consiste na utilização pelo vigia, desde o exterior, dos movimentadores de pessoas em situações de emergência, se as circunstâncias permitirem).
Para Barbouth, quando do ingresso do resgatista no espaço confinado, um fator fundamental para a sua segurança está na comunicação, que permite monitorar a condição física e psicológica dos resgatistas, alertar sobre perigos e manter a coesão e o foco do grupo, podendo ser o elemento chave para determinar o sucesso ou não da operação.
Ele explica que a comunicação pode ser visual, verbal direta (inviável quando são utilizadas máscaras faciais), tangível (por puxões de corda ou batidas sonoras), por sistemas sem fio, via rádio (sujeitos a interferências ou falhas de frequência) e por sistemas com cabo.
Confira a reportagem na íntegra na Edição 19 (Fevereiro/Março) da Revista Emergência.