Por Paula Barcellos – Jornalista da Revista Emergência
Recentemente o CONACI (Comitê Nacional de Combate a Incêndio), órgão vinculado à LIGABOM (Conselho Nacional dos Corpos de Bombeiros Militares do Brasil), alertou as autoridades responsáveis sobre os riscos associados aos incêndios e à segurança dos bombeiros em ocorrências que envolvam painéis fotovoltaicos. Em carta dirigida à ANEEL (ver PDF abaixo), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), CONFEA (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) e associações do setor, o tenente-coronel Alysson Krüger Figueira, do CBMDF (Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal), especialista em Incêndios e presidente do CONACI alerta sobre os riscos e apresenta propostas de solução baseadas em parâmetros normativos internacionais. “Com o crescimento significativo da busca pela independência energética por meio da geração de energia própria por sistemas fotovoltaicos, consequentemente cresceu também a preocupação com a segurança do cidadão usuário, e, especialmente, com os riscos adicionais para a segurança dos bombeiros militares em operações de combate a incêndio em estruturas que possuam estes sistemas”, ressalta Krüger. Segundo ele, por se tratar de um tipo de operação complexa e até então pouco conhecida no Brasil, não existem normas locais específicas, além disso as normas existentes são omissas quanto à segurança dos bombeiros militares na atividade, ao contrário de normas internacionais de países mais desenvolvidos. “Os bombeiros militares são regidos por legislação própria, mas na ausência de norma interna específica podem usar as Normas Regulamentadoras como referência. No entanto, a NR 10, que trata de Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade, é omissa especificamente em relação aos sistemas fotovoltaicos”, diz.
SOLUÇÕES
O especialista cita que os bombeiros militares atuantes neste tipo de operação estão sujeitos a grandes riscos adicionais como choques elétricos, superaquecimento e explosões. “Por isso, o CONACI e a LIGABOM decidiram estimular a análise e a discussão desse assunto junto a diversos órgãos relacionados a esta temática, com a finalidade de fomentar a criação de normas específicas que tratem tanto dos requisitos técnicos envolvendo a parte preventiva destes equipamentos (projetos, instalações, testes, operações, etc), quanto da mitigação de riscos adicionais nos procedimentos de segurança dos bombeiros militares em operações de combate a incêndios neste tipo de sistema, como acesso e espaçamento entre painéis, rótulos com instruções e localizações e, especialmente, a chave de desligamento rápido – ‘do original: rapid shutdown”’, explica Krüger. O desligamento rápido, aliás, faz parte das normas internacionais como as europeias e americanas e tornam a indústria mais segura contra arcos voltaicos e livre de choque elétrico DC (corrente contínua) para os bombeiros. Isso significa ganhos para todas as partes: usuários, instaladores e profissionais de emergência. “Considerando que os painéis fotovoltaicos geram energia de corrente contínua e que esse é o principal perigo adicional, as normas internacionais existentes exigem microinversores conectados diretamente às placas receptoras, com possibilidade de desligamento rápido, tornando as operações de emergência mais eficientes e seguras”, explica.
Krüger afirma que paralelamente a esse alerta, o CONACI vem alinhando estratégias para elaboração de doutrinas para treinamentos e procedimentos operacionais padronizados, específicos para este tipo de ocorrência complexa junto a todos os Corpos de Bombeiros Militares do Brasil.